sábado, 05 de outubro de 2019
O Grupo Escoteiro São Judas Tadeu já viveu e registra experiências com jovens portadores de diversas síndromes e transtornos e isto nos incentivou a acolhermos o pedido de uma família para o ingresso do jovem no nosso grupo.
O Escoteiro José Victor Silva de França, é portador do Transtorno do Espectro Autista (TEA), e enquadrava-se em uma classificação técnica, entre os níveis 1 e 2 de graus do TEA, apresentando dificuldades e necessidades em termos de comunicação social e comportamentos restritos ou repetitivos.
A indicação para ingresso no meio social do escotismo, feito por profissionais que atendem ao jovem, também foi decisivo, sendo que os mesmos se prontificaram a colaborar, com o apoio e direcionamento nas tratativas e “ferramentas” que pudessem favorecer o inter-relacionamento do José Victor com os jovens e os Escotistas da Tropa.
Foi um começo bastante difícil para o jovem, para os escotistas e para a Diretoria, que causavam incertezas com relação à possibilidade de se assistir o jovem com o que ele precisava, uma vez que ninguém tinha especialização nesta área do comportamento humano. Mas, fomos em frente. Entretanto, o apoio da família, dos profissionais que assistem o jovem, do Colégio Bom Jesus, aonde o jovem estuda há muito tempo, proporcionaram um grande intercâmbio para a promoção humana do jovem.
Por conta das terapias paralelas, aliadas ao progresso cognitivo do jovem, o mesmo teve a oportunidade e o acesso à diversas técnicas que favoreceram suas conquistas em termos de especialidades e insígnias. Um dos escotistas da Tropa, esteve e está com o jovem, desde seu ingresso e atuou como seu assessor pessoal na maior parte do tempo, favorecendo assim com que o jovem pudesse ter as habilidades e competências apreciadas, adaptadas e conquistados em seus objetivos educacionais, além, é claro, de poder ser uma referência para o jovem nas questões sociais e de referência adulta dentro da Tropa e do Grupo.
Porém e talvez mais importante, não desmerecendo os outros fatores, o que mais contribuiu e serviu, inclusive de exemplo, para todos, em especial aos escotistas foi a posição categórica e distinta dos jovens da Tropa, especialmente da Corte de Honra, à época, em se manifestar e ao afirmar que eles, os jovens, não viam problema nenhum no José Victor e que ele poderia ficar, e sim eles, os jovens, queriam que o mesmo ficasse na Tropa. Em pouco tempo, José Victor começou a entender a mecânica das atividades e as rotinas que temos em nossas atividades e cerimônias, lhes oferecendo a segurança necessária para sua satisfação, remetendo à uma das necessidades que um portador de TEA demanda.
O aspecto técnico das atividades, especialmente, as técnicas escoteiras, proporcionaram ao jovem ganho relevante, em consonância com as suas necessidades por atividades repetitivas. Porém, isto surtiu um efeito muito interessante pelo caráter progressivo. Os nós e amarras proporcionaram uma nova decoração ao quarto do jovem com um grande acervo de cordas, cabos de vassouras e bambus, sendo isto muito apreciado por seus pais. As atividades que demandaram uma interação com outras pessoas, como por exemplo, os momentos de reflexão e oração, as esquetes, os jogos, as canções, os Jogos Democráticos, as apresentações de itens de especialidades, das quais muitas foram conquistadas em atividades que o jovem pratica como terapia complementar, promoveram uma alteração positiva na socialização do jovem, fazendo com que, hoje, ele se expresse de forma ampla, aberta e cordial com todos com quem convive, dentro e fora do movimento escoteiro, aceitando os contatos físicos e sendo afetuoso e carinhoso com todos.
Sua participação em um grande número de eventos e atividades, incluindo o Jamboree Nacional de Barretos lhe proporcionou autonomia e segurança para atuar sozinho e com independência. Para o José Victor, o entendimento e a percepção, especialmente dos processos que acontecem em fases, e que estas precisam ser vividas e compreendidas como partes de um todo maior, promoveram uma mudança na forma dele se relacionar com o mundo e com as pessoas. Sua perspectiva se ampliou e sua expectativa cresceu no momento em que percebeu, através das ferramentas educacionais, seja o guia de progressão, o mapinha de progressão, o aplicativo mAPPa, o trabalho dedicado do seu assessor pessoal, o incentivo dos membros de sua patrulha e o apoio da família, que ele poderia chegar no ápice desta caminhada que é o distintivo máximo que ainda faltava no seu vestuário escoteiro. A Lis de Ouro. E assim aconteceu.
O Escoteiro José Victor Silva de França conquistou o distintivo especial para o Ramo Escoteiro, a Lis de Ouro, entregue para ele, no dia 31/08/2019, dia em que também foi comemorado o 49º aniversário de fundação do Grupo Escoteiro São Judas Tadeu – 17/PR, completado no dia 27 de agosto. O nosso muito obrigado a todos que contribuíram e participaram desta conquista. Sempre Alerta!